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Melhora da conexão social através da terapia - um caminho para o bem-estar e uma saúde melhor

CATEGORIA

Terapia Focada nas Emoções Saúde Saúde mental Relacionamentos

AUTORA

Daniela Rocha IJzerman

Regularmente eu leio um artigo que gosto e que considero relevante para a psicoterapia. Eu o resumo e discuto como o considero relevante para os clientes em meu blog. Você tem perguntas, comentários ou sugestões para outros artigos a serem lidos? Deixe um comentário abaixo do post. 

Esta é uma discussão integrada de dois artigos da Dra. Julianne Holt-Lunstad e seus colegas: Social Relationships and Mortality Risk: A Meta-analytic Review (2010), Potential Public Health Relevance of Social Isolation and Loneliness: Prevalence, Epidemiology, and Risk Factors (2017)

Estar socialmente conectado com os outros não só é bom para o nosso bem-estar, mas também para a nossa saúde. A Dra. Julianne Holt-Lunstad e seus colegas têm uma coleção de estudos mostrando que estar ou sentir-se sozinho são fatores de risco significativos para nossa saúde. Quais são as implicações potenciais da coleção de pesquisas da Dra. Holt-Lunstad para a psicoterapia? Como a terapia pode ajudar as pessoas a reduzirem os sentimentos de solidão? Há limitações potenciais que às vezes considero para os clientes que atendo? 

Os Estudos

A conexão social pode vir de muitas formas e muitas pessoas são privadas disso em seu dia-a-dia. Algumas pessoas estão cercadas por pessoas, mas ainda lutam com sentimentos de solidão. Outras experimentam a solidão porque suas interações com as pessoas que mais amam não são satisfatórias. Elas não se sentem compreendidas, valorizadas ou apreciadas. Ou percebem que seu parceiro não responde às suas necessidades. É um lugar solitário para se estar e, do ponto de vista da saúde, revela-se potencialmente perigoso. 

Em um estudo de meta-análise de 2010, a Dra. Holt-Lunstad e seus colegas descobriram que as pessoas que têm relacionamentos de maior qualidade morrem mais tarde do que aquelas que estão mais isoladas socialmente ou que têm relacionamentos de qualidade inferior. Descobriram também que a falta de conexão social com outros tem um impacto maior sobre a nossa saúde do que outros fatores de risco conhecidos, como ser mais sedentário ou ter maiores níveis de obesidade. Os benefícios de uma melhor conexão social equivalem até mesmo a deixar de fumar 16 cigarros por dia (ou mais). 

Ao trabalhar para melhorar a qualidade de nossas relações e ir ao alcance dos outros, estamos cuidando da nossa saúde mental e física. É verdade que às vezes podemos adiar a tomada de ações importantes relativas à nossa saúde. No entanto, não devemos subestimar os benefícios que podemos ter se trabalharmos nossos problemas de relacionamento. Em outro artigo publicado em 2017, a Dra. Julianne Holt-Lunstad e seus colegas descobriram que o acúmulo de múltiplos fatores de risco para a desconexão social (por exemplo, viver sozinho ou não fazer parte de grupos sociais) ao longo da vida aumenta a chance de uma senescência solitária. Se, em vez disso, as pessoas construírem suas vidas dentro de um ambiente familiar de apoio, estarão mais protegidas contra os danos potenciais da desconexão social. Embora a conexão social possa amortecer, por exemplo, o estresse, pensa-se que ela mesma satisfaça um impulso biológico. A Dra. Holt-Lunstad e seus colegas também apontam que enquanto a mortalidade relacionada à solidão afeta pessoas de todas as idades, outros fatores em idade mais avançada (como aposentadoria, saída de crianças de casa, ou deficiências auditivas) podem aumentar ainda mais o risco de isolamento social. A formação de conexões sociais em fases anteriores da vida se torna, portanto, ainda mais importante. 

Implicações para os clientes que atendo em terapia

Em meu trabalho como terapeuta utilizando a Terapia Focada nas Emoções como modelo de intervenção, me concentro apenas indiretamente na diminuição do isolamento social objetivo. Mais especificamente, tento ajudar o cliente a entender como seus próprios sentimentos e comportamentos podem bloqueá-lo para se tornar parte de uma rede de apoio. Uma educação em que os pais se concentraram excessivamente na importância dos filhos serem independentes pode potencialmente levar algumas pessoas a experimentarem dificuldades para irem ao alcance de outras mais tarde na vida. As rejeições em relacionamentos anteriores também podem fazer com que as pessoas sintam medo de não serem aceitas. Esta pessoa pode às vezes se sentir muito mal quando alguém lhe aponta um erro ou que poderia ser melhorado. A compreensão desses bloqueios pode permitir que meus clientes sintam que podem confiar mais nos outros e se sintam mais confiantes de que interações sociais significativas podem ser construídas. 

Quando um cliente está em um relacionamento e se sente solitário, meu trabalho é feito diretamente com as duas pessoas envolvidas. Meu trabalho se baseia em ajudá-los a ter uma imagem clara do que acontece em sua interação que os leva a se sentirem desconectados e não compreendidos. Posso então ajudá-los a reparar as lesões emocionais de eventos passados e refazer a forma como eles interagem para que possam se sentir compreendidos e amados. 

Limitações ao aplicar o estudo à terapia

Mas passar da pesquisa para a terapia é um passo e tanto. Embora a Dra. Holt-Lunstad e seus colegas se concentrem na importância da conexão social em geral e em fazer parte de uma rede social mais ampla, meu trabalho como terapeuta se baseia no apego dentro da relação de parceiros íntimos. É possível, e acredito ser provável, que uma melhor relação de parceria leve não só a uma saúde melhor, mas também à confiança para fazer parte de uma rede social maior, mais solidária e mais estável. 

Outra limitação que vejo para meu trabalho como terapeuta é o tipo de pessoas em que esses pesquisadores se concentraram. Meus clientes são brasileiros e/ou expatriados. Embora eu tenha poucas dúvidas de que a conexão social seja importante para os brasileiros, me pergunto se os mecanismos para se sentir próximo e saudável são semelhantes ou não.  Para os expatriados, tenho certeza de que existem diferenças. Como eu mesma posso sentir sendo uma expatriada, viver longe das principais redes sociais é algo que importa. Será que a terapia poderia ajudar os expatriados a se sentirem mais seguros para irem ao alcance de novas conexões? A terapia pode ajudá-los a melhorar as relações que eles estão construindo em seu novo país? Minha idéia é que a terapia pode ajudar a fornecer uma base segura a partir da qual os expatriados podem se sentir mais abertos para explorarem novas maneiras de estar com os outros. 

Conclusão

Uma vasta coleção de estudos mostra a importância de construir redes sociais e de ter vínculos positivos com outras pessoas. A terapia pode ser uma forma de cuidar deste importante fator para a nossa saúde. Como uma abordagem baseada em apego, a Terapia Focada nas Emoções pode ajudar meus clientes a focar em como seus relacionamentos os moldam e também em como melhorar seus vínculos.

Imagem de Gabby

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